terça-feira, 19 de outubro de 2010

Batom

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Quando eu era criança meu pai dizia: "batom só depois que fizer 15 anos." Mas nas festas de São João ele sempre abria uma exceção. Minha mãe me vestia de caipira, fazia maria-chiquinha no meu cabelo e me pintava toda a cara. Blush rosa, sombra azul, um monte de pinta de lápis de olho nas duas bochechas e batom vermelho, que em mim mais parecia um risco fino de hidrocor. Minha mãe dizia que quando eu nasci achou que eu não tivesse boca.

Na 5ª série meus pais se separaram. As meninas da sala sempre iam de batom, menos eu. Minha mãe dizia que criança não usa batom nem pinta as unhas. Oh, como eu queria ter unhas grandes e pintá-las de vermelho!

A primeira vez que pintei minhas unhas eu tinha 15 anos, mas minha mãe não deixava a manicure tirar cutícula. De vermelho só aos 18, quando eu já tinha vontade própria e dinheiro para pagar.

Sou da época do batom 24 horas. Na 7ª série as meninas levavam e a gente usava para brincar de "caí no poço", só para beijar na boca dos meninos sem borrar o batom. Um dia nossas mães foram convidadas pela direção da escola a comparecerem na hora do recreio. Pegaram a gente no flagra. Pelo menos não tinha ninguém beijando na boca de ninguém. Fiquei um mês sem bicicleta e sem natação.

Depois disso nunca mais usei batom. Depois dos 15, no máximo um brilho cor de boca.

Postado por Bárbara

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Eu, o telefone, a internet e o vibrador

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A solidão é capaz de nos fazer cometer vários atos insanos. Ligar para o ex na intensão de chamá-lo para tomar uma na sua casa é um bom exemplo de ato de insanidade. Aí você pensa: só algumas cervejas e jogar uma conversa fora, afinal, o namoro terminou mas a amizade continua. É óbvio que depois de uns goles a mais você acaba se jogando só pra ele te jogar de lado e dizer que não rola mais.

Aí ele atende o telefone. Para a sua sorte, você ouve o barulho da rua e vozes femininas do outro lado da linha. Ele não te dá a mínina. Bem feito! Pelo menos você se livra da humilhação de levar um fora de quem te deu um pé na bunda.

Depois dessa você se lembra daquele carinha que vem pegando há duas semanas. Apesar de o ex ainda te atormentar os pensamentos, você não está morta. Você liga pra ele. O celular dele também é Tim e vocês vão poder conversar de graça por tempo ilimitado. Vocês passam 25 minutos falando amenidades: como foi o dia, o que estão fazendo, a música que você está ouvindo, o livro que ele começou a ler e de repente você ouve um "estou com saudade." E aí? Você vai responder com o clássico "eu também"? Você fica muda, e, embora também esteja com saudade, prefere não falar nada. Sim, saudade. Por que não? A companhia dele é tão agradável e no sábado passado vocês viraram a noite conversando, lembra? Como não sentir saudade disso? Será que nos veremos de novo? Você pensa mas não pergunta.

- Vamos nos ver no fim de semana? Uau! Ele leu seus pensamentos!
- Podemos sim. Até lá vamos nos falando.

Desligam o telefone, você olha a mesa e tem um monte de apostila atrasada te esperando. Lembra que prometeu a si mesma tirar o dia de hoje para estudar. Mas tem cerveja na geladeira. Só uma, para relaxar, e depois você promete que vai estudar. Aí você toma uma, duas, três, quatro, cinco, seis latinhas pequenininhas de skol. Bate aquele soninho. Você vai para o quarto, liga a TV e está passando Encantada na Disney.

Já passam das 18h e você não fez nada do que tinha de fazer. A solidão insiste. O telefone não toca. No MSN, um velho amigo. Vocês conversam sobre sexo. Um cigarro pra relaxar. Passam das 20h. O assunto vai ficando ainda mais quente. Lá embaixo está tudo latejando. Ninguém para socorrer. Aí você corre para o quarto e goza com o vibrador.

Postado por Renata

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Acontece

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Sabe aqueles dias em que você já acorda com tudo dando errado? Esse dia pra mim é hoje.

Não ouvi o despertador e perdi uma palestra que valia um ponto extra em Neuro. Levantei às 9h, saí de casa às 10h. Meu dentista estava marcado pra 11h30. Peguei engarrafamento, cheguei 10 min atrasada e o dentista não quis me atender. Se fosse ele o atrasado, como é de costume, a besta aqui tinha que ficar esperando. Também não paguei a porra da manutenção e ele ainda ficou reclamando. Idiota. É isso que ele é.

Saí do consultório meio-dia, direto pro trabalho no inferno da paralela. Eu odeio com todas as minhas forças esse lugar. Não o meu trabalho, mas a paralela. Era tão melhor quando a sede funcionava no Corredor da Vitória, com doces sonhos, museus, árvores, porto da barra, salão de beleza, tudo ali do lado. Na paralela só tem trânsito e gente feia. Peguei 2h de engarrafamento no Rio Vermelho, vim pensando no ex, aquele traste. Ex é uma merda. Por que eles existem? Qual a utilidade deles a não ser fazer a gente sofrer?

Fui chegar ao trabalho às 15h e sem atestado de comparecimento. Vou ter que ficar até as 20h e ainda vou sair devendo 2h.

Se eu vou sair hoje? Melhor não. Vai que alguma coisa dá errado ou eu encontro o traste se pegando com outra. Se alguma coisa mais tiver que dar errado hoje, que dê errado em casa. Chega de rua por hoje. Acho que vou embora para Curitiba, pelo menos lá eu não desboto minhas tatuagens no sol.

Postado por Érika (por que essa porra não fica vermelha e nem no tamanho que eu quero? Até isso tá dando errado, merda!)


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Madrugada adentro

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Nunca tinha ficado com um médico, a não ser uns estudantes de medicina, quando eu ainda morava no Rio. Os meus favoritos eram os calouros. Um em especial. Felipe. Taurino, insaciável, 20 anos (6 a menos que eu). Novinho, mas esperto. Bem danadinho. Dava de mil a zero em muitos por aí. Morava num pensionato em frente ao meu prédio. Nunca entrou na minha casa. Eu gostava de transar no quarto dele, enquanto os outros estavam na sala vendo TV ou jogando vídeo game. Odeio vídeo game. Nunca gostei. Nem disso nem de qualquer tipo de jogo, a não ser joguinhos eróticos. Cheguei a terminar um namoro por causa de jogo.

O médico eu conheci no último fim de semana. Fiquei com ele no domingo. Ontem nos encontramos. Como ele é? Lindo, de barbinha, alto, magro, inteligente e super carinhoso. Fiquei um tanto encantada.

Viramos a noite tomando cerveja, falando de filosofia, música, literatura, artes e psicologia, enquanto ele fazia carinho no meu jardim (minhas costas bordadas de lótus). O dia amanheceu e, para despertar o sono e espantar o efeito do álcool, demos umazinha bem preguiçosa. Ele me deixou de perna bamba.

Postado por Bárbara

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Primeira vez

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Essa idéia de que a primeira vez tem que ser com alguém especial, numa ocasião especial já está bastante ultrapassada na minha opinião. Lembro-me bem de uma amiga que namorava um desses caras especiais. Bonito, família rica, não muito inteligente, mas era apaixonado por ela. Preparou todo um clima especial, mas na hora H eles ficaram nervosos e ele broxou.

Não acho que tem que ser planejado, mas é sempre bom andar com uma camisinha na bolsa. Nunca se sabe. Quem vê cara não vê DST. Tem que ser na hora que você estiver a fim, não interessa se o cara e o lugar sejam ou não especiais. Tesão não bate na porta. Já chega invadindo tudo. Quando você vê, a calcinha já está toda enxarcada e a boceta latejando. Hoje mesmo isso aconteceu no meio de uma palestra. A professora começou a falar de Freud e aí já viu. Freud lembra sexo e sexo lembra que eu estou há quase duas semanas sem dar direito. Comecei a sentir palpitações, taquicardia, me arrepiei toda e me lembrei da última vez com um cara que não vale à pena especificar. Namorei com ele só porque ele fodia muito gostoso. Da última vez ele me pegou de surpresa. E que pegada, gente! Me chamou no quarto e quando fui ver o que ele queria, já estava me esperando de pau duro. Me jogou na cama, arrancou minha roupa, rasgou minha calcinha e... ui... palpitações de novo. Melhor deixar essa pra depois.

A minha primeira vez foi um pouco tarde. Eu tinha 21 anos. Foi com meu namorado na época. Estávamos juntos há dois meses e ele não acreditava que eu era virgem. Nem eu acredito que fiquei tanto tempo sem sexo. Sexo é uma das melhores coisas do mundo. Só perde pra comer e pra fazer xixi, quando a bexiga está cheia. Aliás, fazer xixi quando a bexiga dói de tão cheia é como gozar. Já dizia Nelson Rodrigues: "o gozo é uma mijada". Ele sempre soube das coisas. Aqui, todas adoramos Nelson Rodrigues. Eu, desde os 12 anos, quando comecei a me masturbar.

O espertinho do meu namorado já tinha me dado um litro de vinho. Tomei tudo. Tudinho. Estávamos na Esplanada dos Ministérios, o maior fudódroo de Brasília. Não, minto. O cine drive-in, no autódromo, é o maior fudódromo de Brasília. Eu não dei na praça dos três poderes e nem dentro do carro. Foi num motel.

- Quero ir pro motel
- O quê?
- Sim, motel. Vamos?

Ele ficou assustado com a minha proposta. Eu mal o deixava encostar a mão na minha bunda, de repente peço pra ele me levar ao motel. Mal sabia ele que quando eu trabalhava na Colcci costumava me pegar com um outro vendedor dentro do provador, quando a loja já estava fechada ou, de manhã cedo, antes de abrir. A gente fazia de um tudo, só não rolava penetração. Até oral rolou uma vez. Outro dia eu conto essa.

Chegando ao motel, mal fechamos a porta e o bicho começou a pegar. Mão naquilo, aquilo na mão, bocas em ação e o barulho da embalagem da camisinha. Aí não deu outra. Ou melhor, deu. Eu dei. Pensem numa dor gostosa? Ele foi devagar, devagarinho até conseguir enfiar tudo. Não, eu não gozei. Sabia disso porque já tinha gozado outras vezes. Se aquele provador falasse...

O namoro durou três anos. Acabou porque acabou o tesão. Eu queria toda hora, mas ele não dava conta. Na primeira gozada ele já virava pro lado e dormia. Nem me esperava gozar.

Depois de cinco anos que terminamos eu já dei horrores e tirei todo o meu atraso. Primeiro porque eu demorei a dar e segundo porque dei três anos pro mesmo cara. Confesso que morro de vontade de dar uma chave de boceta nele.

Postado por Deby