quarta-feira, 24 de abril de 2013

Enquanto a gente transava



Enquanto a gente transava, todo esse texto me veio à cabeça. Deu vontade de mandar ele sair de cima e vir correndo para cá, escrever cada palavra que ia surgindo. E, agora, a cada palavra que escrevo, ele me atrapalha contando um dos seus sonhos idiotas. 

Eu o amo, é verdade, mas tem horas que tudo o que quero é virar para o lado e dormir. E se tem uma coisa que eu detesto, é estar naquele soninho gostoso, no início de uma manhã de um dia em que não tenho que acordar cedo ou ir trabalhar, e ser acordada.. E ele achou de desenvolver essa mania. Quer que eu acorde na hora em que ele acorda, mesmo eu já tendo dito mil vezes que odeio isso e que ele corre o sério risco de levar um tabefe no meio das fuças. Deus que me perdoe (e ele também), mas eu chego a ficar com ódio da cara dele por causa disso e, nesse exato momento, me sobe uma raiva, porque, como em todos os outros dias, hoje não foi diferente. 

Fui acordada às seis horas da madrugada, no meio do soninho sagrado, naquele friozinho gostoso, porque  tudo o que ele queria era transar. Simplesmente não acreditei nisso. Ele sabe o quanto isso me irrita. Eu adoro sexo, mas não quando estou dormindo. E eu sempre disse: nunca me acorde para isso ou você pode acabar se machucando.

Dessa vez eu cedi. Fui deixando e me irritando, deixando, deixando, me irritando, mas deixando. Estaria gostoso se fosse numa ocasião diferente, se eu não estivesse dormindo, enquanto ele me bolinava. Mas aí deixei e ele meteu. E a coisa começou a ficar boa. Fui sentindo aquela cosquinha gostosa, lá dentro, e a irritação foi cedendo lugar ao prazer. Que delícia, God! 

Mas o sono continuava insistente. Ele gozou. E gozou dentro, como sempre. Do jeito que eu gosto. Naquele momento, pós ejaculação, tudo o que eu queria, era virar para o lado e dormir. Nunca uma camisinha fez tanta falta. 

Renata

,

domingo, 20 de maio de 2012

Trocada por um “baba”

Algumas pessoas não sabem, mas “baba”, aqui na Bahia, é a famosa “pelada”, também conhecida como, o futebolzinho com os amigos. Este, aliás, é o maior trauma que nós, mulheres, sofremos com os homens.  E olha que eu adoro futebol. Assino PFC há cinco anos e sempre vou ao estádio ver jogo do Bahia, embora meu time do coração seja o Flamengo (que fique bem claro). E não é porque o Flamengo é rubro-negro sou obrigada a torcer pro Vicetória. Não. De jeito nenhum. Aqui, eu gosto é do Baêa Minha Porra.

Andei ficando com um cara todo enrolado, que é torcedor fanático do Bahia e que adora um baba com os colegas, depois do expediente, em plena sexta-feira. Ele não é essas coisas todas, mas é gente boa, trepa direitinho, tem bom gosto e, na falta de homem no mercado, seria um ótimo candidato ao cargo de namorado. Aliás, do jeito que as coisas andam, qualquer um é um ótimo candidato a esse cargo. É, gente. Tá difícil. Até os piores dos mais ou menos andam esnobando. 

Pois bem. Ficamos ficando durante umas boas semanas e tínhamos combinado de sair na sexta. Ele mesmo tinha proposto essa saída. Íamos a um samba. Tudo certo, eu, já em casa, pronta para começar a me arrumar, quando toca o telefone. Era ele, dizendo que ia ter que adiar nosso sambinha, porque os colegas chamaram para um baba depois do trabalho e que se não fosse, o time ia ficar desfalcado e ia acabar não rolando o jogo.

Agora vejam vocês. Ou eu sou chata, ou trepo mal, ou o repertório de desculpas esfarrapadas dele estava esgotado e ele me veio com essa, ou o cara é veado mesmo.
Gabi
.

O retratista do super zoom

Conheci, há pouco mais de um ano, aquele que viria a ser o homem da minha vida. Mas ele não me conhece. Foi no show do Caetano Veloso com a Maria Gadu, na Concha Acústica. Ele estava fotografando. Ele, que tem todos os predicados que eu sempre idealizei em um homem. Um jeito largado, alto, magro, barba por fazer, traços e expressões marcantes, mãos grandes e um rosto para mulher e homem nenhum botar defeito. Sem contar que eu tenho um certo tesão por fotógrafos e este tem cara de que tem boa pegada. 

Ele, meu retratista, a quem eu me referia como o fotógrafo da lupa gigante, até descobrir que não é lupa, mas zoom. E que zoom! A partir desse dia, procurei por ele em todos os shows a que fui, aqui em Salvador. Sempre o via fotografando, lindo, sozinho, passando de um lado para o outro, em meio ao aglomerado de pessoas, e eu, com os meus olhos, a fotografar cada detalhe, cada traço do seu rosto, cada passo que ele dava. 

Um belo dia, num belo show, depois de belas latas de nova schin (odeio nova schin, mas era o que tinha), com o olhar fixo nele, caminhei em sua direção e perguntei seu nome. Ele, educadamente, se apresentou e me deu aqueles tradicionais dois beijinhos. Brinquei com ele, falando que éramos primos, porque temos o mesmo sobrenome. Depois fiquei sem graça com a merda que acabava de largar, agradeci, falei outra merda maior ainda, dizendo que, a partir daquele dia, nunca mais me referiria a ele como o fotógrafo do super zoom. Pelo menos ele achou graça, ou fingiu ter achado, porque riu. Retribuí a gargalhada e saí em seguida. O show já tinha terminado, ele devia estar cansado e eu, bêbada, consegui usar o bom senso. Se tivesse tentado prolongar o assunto, ia acabar me declarando ali mesmo, com frases do tipo "você é meu sonho de consumo". Não ia ser legal. Não ia mesmo.

Meses depois, me deparo com ele no show da Silvia Machete, no Pelourinho. Dessa vez não esperava encontrá-lo. Fiquei igual a uma abestalhada, diante dele, paralisada. Não enxergava mais nada além dele. Foi nesse dia que eu tive a certeza de que ele era o homem da minha vida. Meu coração acelerou, eu suava frio, minhas pernas tremiam e eu não consegui mais prestar atenção no show. Ele invadiu meu coração e meus pensamentos sem dó nem piedade. 

Adicionei no facebook e ele aceitou minha solicitação. Nunca trocamos uma palavra, desde então, e até hoje fico paralisada na sua presença. A última vez que isso aconteceu foi no show da Márcia Castro, no Teatro Castro Alves. No final, ele passou por mim e eu fiquei petrificada. Não conseguia parar de olhar. Acho que ele percebeu. Deve ter achado graça.

Deby

Quem não tem cão, come pão com macarrão

Essa onda de chuvas em Salvador vai acabar me deixando em forma e desnutrida. Hoje é domingo e, desde quarta-feira, chove sem parar. Até sexta ainda tinha comida descente em casa. De lá para cá, eu me viro com o que tem. É que eu não dirijo e, consequentemente, não tenho carro. Ando à pé ou de busão. E, assim, ir ao mercado está inviável. De vez em quando, ando de táxi, mas o taxista ficaria puto se tivesse que fazer uma corrida da minha casa até o mercado. Não daria cinco reais. Para se ter uma ideia da distância, à pé, eu chego lá em menos de cinco minutos. 

Desconfio que de sexta para cá eu tenha emagrecido uns dois quilinhos. Minha barriga está retinha, minha cintura mais fininha e o short que eu vesti pela manhã está mais folgadinho. Pelo menos para isso tem servido esse exagero de diurético que São Pedro anda tomando pelas bandas de cá. Ontem comi as últimas fatias de queijo com pão de forma. Não tem mais leite e o suco de pêssego acabou na quinta. Tive que fazer café, que também já acabou. Daria tudo por uma panela de brigadeiro agora.

Hoje, para improvisar, fiz chá de erva cidreira e coloquei na geladeira. Tomei uma caneca de chá gelado o dia todo. Pensei em pedir comida chinesa, que é o que sempre me salva em momentos de dispensa vazia, mas fiquei com dó dos entregadores, por causa da chuva forte e da ventania.

Na minha geladeira tem maionese, um patê horrível de sardinha, pão de forma e geleia de pimenta, ardida pra cacete. Fuçando o armário, achei macarrão. Mas temperar com o quê? Alho e óleo foi o que um amigo, no facebook, me sugeriu. Mas cadê o alho? Não tem. Tem ervas de saquinho: alecrim e orégano. Também tem caldo knorr, açafrão, pimenta do reino, cominho e fondor. Dá pra fazer uma sopinha precária de macarrão, mas o que eu queria mesmo era aqueles biscoitinhos que vende na delicatessem há dois quarteirões daqui.

Fui tomar banho, para preparar minha iguaria e comer enquanto assistia a mais um episódio inédito da última temporada de Desperate Housewives. A luz da cozinha queimou e eu improvisei com a luminária que uso para estudar. Na panela, água, sal, orégano, alecrim, fondor, pimenta do reino, cominho, mais fondor e caldo knorr. A água foi fervendo e o cheirinho subindo. Cheirinho bom. Coloquei o macarrão, esperei cozinhar, fiz mais chá, para tomar gelado, torrei duas fatias de pão de forma e pronto. Para dar um gostinho melhorzinho, misturei um pouquinho de maionese, coloquei no prato e um click para a foto. Bonito não ficou. Ruim também não. Nem bom. Mas pelo menos matei minha fome. De sobremesa, um chiclete que eu achei perdido na bolsa.

A previsão do tempo para amanhã é chuva o dia todo de novo. Não vai rolar de ir ao mercado, minha cozinha vai continuar com a luminária e em vez de ter dó de entregador, vou ter dó do meu estômago e pedir uma bela comidinha chinesa, banana caramelada de sobremesa e quatro heinekens long neck, para tirar a barriga e o fígado da miséria.

Tá fazendo um friozinho gostoso. Na falta do chocolate quente, acendi um cigarro e fumei.

Renata


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Olha a luz no fim do túnel aí, gente!

Minhas amigas solteiras, desesperadas, à procura das suas tardes de domingo, daquele cobertorzinho de orelha, daquela conchinha para se encaixar à noite, daquele carinho nas costas, do bafinho matinal, da boa e velha cara-metade, da tampa da panela, da pantufa velha para os pés frios e cansados, daquele homem que te vire do avesso, te jogue na parede e te chame de lagartixa todos os dias, ou, simplesmente, de alguém para chamar de "meu bem": não se desesperem. Há luz no fim do túnel.


Ouçam os conselhos do padre e sejam felizes!



.

Beijo, Calcinhas.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Mais de mim


Falar de mim só vai estragar qualquer resquício de boa imagem minha que ainda resta. Eu já ando cansada de tanta coisa, como esperar, como ficar “pisando em ovos”, por medo de estar fazendo alguma coisa errada e, justamente por causa disso, fazer e falar tanta merda como eu faço e falo, falar cosias pensadas, mas que soam o contrário, como tentar ser legal para ser aceita pelas pessoas e às vezes deixar minha essência de lado em nome dessa aceitação plástica.

Minha identidade se perdeu e eu não sei mais quem sou. Não adianta me dizerem “seja você mesma”, mostre-se como você realmente é, porque foram tantas as máscaras usadas ao longo da minha vida que já não consigo desentranhá-las de mim. Minha personalidade se tornou falsa e eu não sei mais se tenho alguma essência ou se minha essência, hoje, é criar essências de mim mesma. Talvez eu seja essencialmente complicada. A verdade é que, há muito, eu ando perdida, arrastada pela solidão que me leva ao caminho do desespero e que, por sua vez, tem me levado, aos poucos, à loucura.

E é assim que sigo, louca, sozinha e ainda com a esperança ínfima de que isso um dia vai mudar.

Amanda


.

domingo, 18 de março de 2012

A pegadora da repartição

.
Se aquela série As Brasileiras fosse adaptada para retratar as mulheres do serviço público, eu seria "a pegadora da repartição". Algumas pessoas perguntariam se isso é bonito. Pode até não ser, mas feio também não é. Nem ruim. Fazer o quê, se a carne é fraca e a maior parte do tempo eu passo lá dentro? O primeiro foi lá pelos idos de 2005, quando ingressei no serviço público, em Brasília. Estávamos na sala de espera do serviço médico, para os exames de admissão. Foi lá que o vi pela primeira vez. Foi um dos homens mais bonitos que eu já fiquei. Ficamos juntos até eu passar em um concurso melhor e ir embora do Distrito Federal, para onde não pretendo voltar nunca mais.

No Rio foram um, dois, três, quatro. Confesso que o número quatro me fez um estrago emocional quase irreparável, que só foi superado graças ao número um da Bahia. Aqui, já fiquei com dois e, depois de já ter dado tchau ao segundo, já tenho um terceiro à vista. Afinal, a fila precisa andar.

Esse terceiro eu conheci há uma semana. Almofadinha demais. Sabe aqueles caras que, de tão engomadinhos, não têm um fio de cabelo fora do lugar? É ele. Como diria uma amiga minha, "meu pau nunca subiu para homens assim". Mas como tudo tem a primeira vez, este conseguiu me deixar desconsertada e meu "pau" subiu na primeira vez em que ele surgiu na minha frente. Sua presença me deixa nervosa, a ponto de a minha voz ficar presa e eu não conseguir emitir um som sequer. O número dois tinha esse mesmo poder sobre mim, mas ele é o tipo pelo qual eu costumo me interessar. O número três não. Eu nunca me interessaria por um cara que tem como um dos filmes favoritos "as mães de Chico Xavier". Além disso, ele tem cara de quem assiste UFC e eu detesto UFC.

Para dar início ao processo de conquista, resolvi voltar a cozinhar. Não, não vou convidá-lo para jantar nem almoçar aqui em casa, nem pretendo prendê-lo pelo estômago. Eu descobri que todos os dias ele almoça no refeitório do trabalho, sempre no mesmo horário e, por isso, resolvi almoçar lá também, todos os dias, no mesmo horário que ele e, como ele, levar meu almoço de casa, já que lá não tem restaurante por perto. O problema vai ser encarar minha comida todos os dias. Espero ser recompensada pelo sacrifício.

E antes que alguém me venha com pedras e moralismos, já vou avisando que não dou ao desfrute nas dependências da repartição. O alvo eu escolho lá dentro, por conveniência e oportunidade, mas só deixo para acertar do lado de fora, de preferência bem longe de lá, que é para os outros possíveis candidatos não ficarem sabendo.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Será que é mau hálito?


.

Ontem fui dormir com vontade de DR logo depois que ele foi embora. Mas não é uma DR qualquer, é uma DR para o bem e aperfeiçoamento da relação carnal e sexual que viemos mantendo há algum (pouco) tempo. Mas como DR é sempre DR, ou seja é um porre, resolvi deixar pra lá e registrar, aqui, meu desabafo. Vai que ele lê.

Ele me atrai muito, não só sexualmente, mas em muitas outras coisas que não vou listar aqui porque desnecessário. Pensar nele, principalmente quando estou há pouco mais de um mês sem transar, me faz subir pelas paredes. Química, química mesmo, na hora H, falta um pouco, mas quando começo a imaginá-lo me pegando de jeito, como imaginava antes de acontecer qualquer coisa entre nós ou como ele costuma dizer que vai fazer (e fez ontem), ou quando me lembro das nossas conversas sacanas, me arrepio toda. Ele me deixa, realmente, louca, mas sabe quando falta alguma coisa?

Só dois caras conseguiram ser completos nesse sentido. Um deles, hoje meu amigo, foi dispensado ontem por causa dele (o cara da DR). Na verdade, não foi só por isso, mas porque já estou de saco cheio de transar com ele. Embora seja sempre muito bom, acho que enjoei. O carinho que sinto continua, mas a atração está indo embora. Ele acabou se tornando aquela opção para o “não tem tu vai tu mesmo” e eu tenho certeza de que é recíproco. Mas já deu. Saturou. E sexo por sexo é bom até certo ponto. Depois, ou você acaba se apegando e aí fodeu ou você se cansa mesmo e começa a sentir falta de ter alguém com você por inteiro - ou, como costuma dizer uma amiga minha, dos seus domingos e feriados chuvosos - também conhecido como namorado. Pronto, falei.

Eu venho sentindo falta disso, não vou mentir. Ando exalando romantismo e isso tem se revelado, inclusive, através das minhas roupas. Mas o cara com quem eu ando ficando, esse da DR, mesmo que só numa relação de trocas sexuais, vale à pena. Vale porque eu gosto dele, porque é bom conversar com ele, porque antes de qualquer coisa somos amigos, porque me deixa doidinha, doidinha e sei lá por que ele consegue me deixar assim. Às vezes fico trêmula perto dele. Até a boca treme para falar. Mas isso só acontece quando estamos em locais, digamos, públicos. Ele sabe do que estou falando.

Se fosse outro, talvez já teria dispensado, mas ele eu não consigo. O problema é que eu sou adepta aos beijos prolongados e ardentes e abraços apertados, e ele beija pouco e sempre muito de leve e me abraça pouco também, com cuidado, como se eu fosse quebrar. Tudo bem que eu sou magrelinha, mas tenho ossos resistentes. Eu já percebi que o negócio dele comigo é meter, meter e isso ele faz muito bem, a ponto de me levar a outras galáxias em frações de segundos.

Ele me dobra, me estica, puxa, me joga pra cima, faz miséria, o miserável, só que eu sinto falta do contato pele com pele, dos abraços, dos beijos quentes antes, durante e depois. Um beijo, quando dado com vontade, é a melhor preliminar que pode existir, e ele, ou parece ter medo de me beijar ou eu devo ter mau hálito. É isso, bafão. Será, minha gente? Não tenho problema nenhum se alguém chegar até mim e falar que eu tenho um bafinho de onça. Tanta gente tem e não sabe. Pode ser o meu caso. Ninguém nunca reclamou, mas, na dúvida, seria bom perguntar.

Foi então que pensei em convocá-lo para uma DR hoje de manhã. Paciente como ele é, provavelmente toparia, mas qual é o homem gosta e DR, pelo amor de God? Ainda mais pela manhã. Não. Não mesmo. Xá pra lá.

Eu só queria entender o que acontece, sabe? Se eu tenho mau hálito mesmo, se ele não gosta de (me) beijar, se eu beijo mal ou se o que ele quer é simplesmente meter. Não vamos negar que essa é uma possibilidade a ser considerada.

#prontofalei

Gabi


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Toda bêbada transa

.
Queria postar algo novo hoje, inclusive vários acontecimentos nos últimos dias que me inspiraram vários textos para o Clube das Calcinhas. Mas eu não estou sóbria o suficiente para isso, de modo que prefiro não arriscar digitar um texto cheio de erros de digitação. Ma ó, vocês bem iam gostar do que eu tenho para contar. Semana que vem eu conto, porque, a partir de amanhã até domingo, eu estou abarrotada de compromissos e, por isso, não terei tempo para contar minhas mais novas peripécias.

Fica aqui minha promessa, a quem possa interessar, se é que alguém se interessa, de que as contarei, todas, com todos os detalhes publicáveis. Isso se eu conseguir lembrar depois.

Em relação à polêmica do BBB, já que o assunto está tão em evidência, acho que o povo exagerou. Ela não estava apagada coisa nenhuma. A perna estava suspensa e o braço se movimentou algumas vezes, que eu vi. Ela estava bêbada e já está bem grandinha para entender que cu de bêbado não tem dono. Além do mais, aquilo acontece a todo momento por aí e ninguém vai preso. Que estupro que nada, ela tava era gostando, a safada. No lugar dela eu estaria me deliciando. Difícil ficar "apagada" com um negão daqueles me bolinando. Agora, só porque aconteceu em rede nacional, o povo resolveu criar polêmica. A mãe da "donzela" quer ganhar dinheiro em cima disso, isso sim. Só espero que ela não resolva me processar também e nem que a polícia baixe aqui em casa só porque estou do lado do Daniel, aquele gato. Acho difícil que ela e a polícia leiam meu humilde e pouco frequentado blog. Por isso, bora meter o pau na piranha. Piranha sim, ou vocês acreditam que aquilo ali seja uma moça de família? Façam-me o favor! Eu não duvido nada de que tudo não possa ter passado de uma armação, uma jogada de marketing da Rede Globo que, no final das contas, se deu foi de bem. O BBB vai extrapolar os picos de audiência.

Beijo,

Érika

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Necessidades básicas 2012

.
Minha próxima aquisição será trocar a armação vermelha dos meus óculos de grau por uma de oncinha, igual à da Julia Petit. Tudo bem que os óculos são bem mais caros que a mesa que eu estou precisando comprar para fazer minhas refeições, já que a única que tenho em casa é a mesa de estudos. Mas, diante dessa emergência, a mesa pode ficar para depois. Eu nunca como em casa mesmo.


Também estava precisando de um ar-co
ndicionado ou, pelo menos, colocar um ventilador de teto no quarto, porque, nesta época do ano, o calor é de matar em Salvador, mas, como calor nos faz transpirar e isso é um ótimo emagrecedor, resolvi deixar esse gasto para o próximo verão e comprar dois ou três óculos escuros. É sempre bom ter vários para roupas e ocasiões diferentes. Além do mais, os meus já estão bem ultrapassadinhos.

Outra coisa de que estou muito precisada é roupa, ou melhor, roupas, sapatos e bolsas. Imaginem vocês que eu estou quase saindo nua pelas ruas, por falta do que usar. E se vou comprar roupas, bolsas e sapatos, preciso também dos acessórios, porque eu posso estar usando a roupa que for, a bolsa e o sapato mais invejado, mas se não tiver um anel, um brinco, uma pulseira ou um colar à altura é como se estivesse pelada. Depois eu resolvo a questão dos vidros trincados da janela do meu quarto, que nem é tão urgente assim.

Quero deixar bem claro que não se trata de consumismo. É necessidade.

Postado por Deby

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Alguém tem que trabalhar nessa jossa

.

De volta ao trabalho, depois de duas semanas “coçando o saco”. Ai que saudade do namoradinho que ficou para trás, das irmãs, da mãe, dos sobrinhos, do cunhado, do Skundidin e do bar da UNB, em Planaltina, onde o litrão de Skol custa R$ 6,00.

É, estava tudo muito bom, tudo muito lindo, mas alguém tem que trabalhar e, infelizmente, esse alguém sou eu. Afinal, não nasci rica, nem me casei com milionário. Também não ganhei na mega da virada e nem me inscrevi para o BBB 12, de modo que preciso ir à labuta para bancar meus pequenos luxos, como, por exemplo, comprar uma chapinha, o ingresso para a enxaguada do Brown e mais outros para, pelo menos, dois saraus. Tem Timbalada também, mas esse aí é complicado. Passar 4 horas na fila e, quando chegar a sua vez, estarem todos os ingressos esgotados é sacanagem. A propósito, se alguém se dispuser a pegar aquela fila monstruosa, por favor, compra o meu também. Não vai custar nada, já que, de um jeito ou de outro, vai ter que enfrentá-la mesmo. Depois eu pago um café ou uma cerveja.

Tentei fazer cachinhos no meu cabelo. Não deu meia hora e minhas madeixas pareciam uma juba. So volume e laquê. Minha primeira aquisição para 2012 seria um sofá-cama, mas depois da tentativa fracassada de cachear os cabelos, acho que o móvel pode esperar. Vou comprar uma chapinha, para fazer o truque do papel alumínio que aprendi na internet. Nunca imaginei que um dia fosse dizer o que acabei de dizer. Mas é verdade, a mais cristalina das verdades. Eu realmente preciso. Talvez compre um babyliss.

Vamos ao trabalho, porque o recesso terminou e eu ainda não entrei de férias.

Amanda

domingo, 8 de janeiro de 2012

Rir pra não chorar

.
Sabe aquele garoto do colégio, por quem você nutria uma paixonite secreta e que, 15 anos depois, reaparece, mais lindo do que nunca, e diz: "eu sempre fui apaixonado por você desde os tempos do colégio"?

Escrevo este texto ao som de “Saber Amar”, dos Paralamas. Música que, até hoje, quando ouço, me faz lembrar dele. Estava na casa de uma amiga, que também era sua amiga, ouvindo o disco 2 do “Vamo Batê Lata” e estava tocando exatamente essa música quando ele chegou de surpresa. Fiquei gelada e sem cor, porque não sabia como reagir à sua presença. Ele, sempre educado, me cumprimentou e acabou quebrando o gelo. Aquele dia foi bem legal. O mais legal do ano. Foi a primeira vez que nos falamos. Cheguei em casa radiante. O impossível havia acontecido! Desde então, todas as vezes que escuto "Saber Amar", imediatamente, ele me vem ao pensamento.

Era a sensação da turma 103, no colégio La Salle. Todas as meninas se derretiam quando ele entrava no ônibus escolar. Era uma disputa silenciosa para ver ao lado de quem ele iria se sentar. Pelo menos umas três ou quatro guardavam um lugar para ele. Eu sempre fiquei na minha, porque sabia que nunca teria chance. Ele sempre se sentava perto das meninas do segundo ano e, na sala, ele era muito amigo da mais bonita da turma. Ela tinha namorado, não queria nada com ele, nem ele dava mole para ela. Eram só amigos. Quisera eu ser só amiga dele; estaria de ótimo tamanho.

Sua irmã não ia muito com a minha cara. Era amiga de outra amiga minha e, por isso, só por isso, às vezes, andávamos juntas. Ela não gostava de mim porque uma vez eu fiquei com um carinha por quem uma amiga chata dela era apaixonadinha. Ela tomou as dores da garota. Normal entre as adolescentes. Por isso sempre preferi os meninos. Não tinha frescura nem essa coisinha irritante de ficar tomando dor do outro.

Na turma 103, eu era amiga de todos os meninos, menos dele. Ele também não andava muito com o pessoal da sala e eu nunca tive coragem de me aproximar. Eu o via como alguém inacessível. Às vezes o surpreendia olhando em minha direção, mas nunca achei que era para mim que ele olhava, claro que não. Logo eu que era tão desengonçada, magricela e grandalhona, que só usava calça de moletom, com vergonha das pernas finas e, no auge dos 14 anos, nem sutiã usava, porque os seios ainda nem tinham dado sinal. As meninas se arrumavam todas, eram bem vaidosas e eu sempre fui o patinho feio.

Uma vez, na aula de matemática, uma colega comentou, com despeito, que ele não tirava os olhos de mim. Eu fiquei envergonhada com a situação e não acreditei no que ela estava me dizendo. Olhei para ele e ele estava olhando também. Em frações de segundos desviei o olhar, porque não queria que soubessem que eu, como as outras meninas, me interessava por ele. Se ele soubesse, ia rir da minha cara, eu pensava.

Todos os dias, ao dormir, pensava nele. Como era lindo! Seu único defeito era ser um pouco menor que eu. Eu tinha vergonha de ficar com meninos mais baixos, mas isso não se aplicaria à ele. Quando as meninas começavam a falar dele, eu dizia: é até bonitinho, mas não faz meu tipo. Baixinho demais. Mentira, claro, eu estava desdenhando e, como quem desdenha quer comprar, eu estava completamente apaixonada.

As férias chegaram e, no ano seguinte, nas volta às aulas, eu não via a hora de vê-lo entrar no ônibus, com aquele sorriso lindo que ele tinha, mas aí o ônibus passou direto e não parou na porta da casa dele. Era o primeiro dia de aula, muita gente falta, pensei. Mas, para a minha tristeza, fiquei sabendo que ele havia mudado de escola e, desde então, nunca mais o vi.

Doze anos se passaram. Eu, que já não morava mais em Brasília, estava por lá, de férias, e estava ficando com um amigo do meu primo. Estávamos tomando cerveja num bar, quando ele, o garoto do colégio, passou. Parou o carro, desceu e falou comigo, como se fôssemos melhores amigos. Me espantei. Como ele poderia se lembrar de mim depois de tantos anos? Além do mais, na escola, eu passava despercebida na frente dele. Ele nunca me notou. Mas tudo bem. Conversamos por cerca de meia hora. Relembramos o tempo da escola, falamos dos colegas e sobre o que estávamos fazendo. Já tinha até me esquecido de que estava acompanhada, mas logo o cara que estava comigo fez questão de me abraçar. Ele foi embora, mas antes me deu um abraço bem apertado. Como eu esperei por aquele abraço!

Três anos depois (três semanas atrás), novamente nos reencontramos em Brasília. Desta vez, no sítio dos meus tios. Ele é amigo do meu primo e eu nunca soube disso. Continuava lindo. Mais lindo ainda. Eu estava sozinha, ou seja, não estava ficando com ninguém. Ele me deu um beijo no rosto e sentou-se ao meu lado. Conversa vai, conversa vem, percebi que estava me dando mole. É isso mesmo? Ele está dando em cima de mim? Foi o que pensei na hora. Então ele me olha e diz: lembra quando estudamos juntos? Lembro, claro, respondi. Então ele prosseguiu: sou apaixonado por você desde aquela época.

O que eu fiz? Comecei a rir. Meus ouvidos se recusaram a acreditar naquilo. Quer dizer então que eu poderia não ter sofrido? Quer dizer que se minha paixonite não tivesse sido secreta, eu poderia ter ficado e até namorado com ele? E eu não parava de gargalhar. Assustado, sem entender o motivo daquele rompante, ele perguntou qual era a graça. Eu, ainda rindo, respondi: nada não. Achei engraçado isso que você me disse, assim, depois de tantos anos. Queria ter dito isso antes, mas você não me dava bola, ele disse e prosseguiu: eu tinha medo de levar um fora. Eu não sabia se ria, se chorava ou se o beijava logo de uma vez. Não fiz nem uma coisa nem outra. Fiquei sem reação e ele, paralisado, me olhando. Até que meu primo chegou chamando a gente para encerrar a noite num bar, porque a cerveja tinha acabado. Você está de carro? Ele, o garoto do colégio, me perguntou. Não, eu não dirijo. Então você vai comigo, pode ser? Sim, sim, vou com você.

Entramos no carro e, finalmente, o beijo. Como eu queria que aquele beijo tivesse acontecido há 15 anos atrás. Eu fui às nuvens, parecia flutuar. Foi lindo. Ficamos juntos todos os dias em que estive em Brasília. Aproveitamos o máximo até o dia de vir embora. Não sei se foi aquela paixãozinha adolescente que voltou ou se, realmente, ele é muito bom. Em tudo. Pela primeira vez eu deixei as comparações de lado. Foi tudo muito bom. Mágico, eu diria. Mas alegria de pobre dura pouco e a minha durou duas semanas.

Na despedida, ele me olhou e disse que estava ainda mais apaixonado e que se eu ainda estivesse morando em Brasília, ele me pediria em namoro. Que lindo isso, gente. Alguém ainda pede alguém em namoro? Eu quase chorei ao ouvir, porque ninguém nunca me fez esse pedido antes. Eu ia ficando, ficando e lá pelas tantas os caras começavam a me apresentar como namorada. Hoje em dia, nem isso.

Ontem ele me ligou. Disse que está com saudade. Eu também. Muita saudade. Saudade do que poderia ter sido e que, por algum motivo, a vida não permitiu que fosse.

Por quê?

domingo, 4 de dezembro de 2011

Eu mereço.


Depois de pedalar 15km, comer um quilo de salada, tomar 2 litros de água de coco e um suco de jabuticaba e subir cinco andares, de escada, carregando uma bicicleta, eu acho que mereço um bom som, acompanhado daquela cerveja bem gelada, antes do confronto entre o meu Flamengo e o Vasco.

Como diria Galvão, "haja coração!"

Postado por Bárbara


sábado, 3 de dezembro de 2011

Vai-te pra porra!

.

Às vezes ser infantil é a melhor maneira de não surtar de vez. Pelo menos a curto prazo funciona e hoje eu me dei o direito de agir como minha sobrinha de 6 anos. Deletei telefone, excluí do facebook e ainda falei aquela frase tradicional que toda criança que é criança de verdade costuma falar quando alguém magoa: não quero mais falar com você. E não quero mesmo.

Não preciso dizer que o motivo disso tudo tem nome, endereço e é do sexo masculino, né? Homem, claro. Existe alguma outra razão para uma mulher regredir a ponto de agir dessa maneira?

Andava interessada no desgraçado fazia tempo. Um interesse silencioso, só meu. Mas aí ele veio chegando de mansinho, como quem não quer nada, pelas beiradas e, quando percebi, já estava envolvida. Macho alfa da pior espécie, ele veio com aquele papo lerdo que toda mulher cai inúmeras vezes e nunca aprende.

Eu já venho te observando faz tempo e, além de interessante, percebi que você é uma mulher sensível. É incrível como as pessoas não conseguem ver sua sensibilidade em seu olhar. Às vezes você tenta ser despojada, mas estilo não tem a ver com a roupa nem com os adereços­, mas sim com a alma. Essas palavras mexeram comigo como há muito tempo não acontecia. O infeliz, além de charmoso, sabe que é bom de lábia. Ele me descrevia de um jeito como se eu fosse a mulher perfeita. Claro que eu caí. Com um homem daqueles falando ao pé do ouvido, qualquer uma vira presa fácil. Não foi difícil aceitar seu convite para sair.

Saímos e tudo correu muito bem. Melhor do que eu imaginava. A noite foi maravilhosa e no dia seguinte, diferente dos amadores, ele me deu total atenção. Disse estar em estado de êxtase após a noite anterior. O negão é um conquistador profissional.

A coisa foi fluindo e ele sempre deixando no ar que estava interessado, que nossas saídas se repetiriam muitas e muitas vezes. Saímos pela segunda vez e ele insistia em me deixar nas nuvens. Claro, quanto mais nas nuvens ele me deixasse, maior seria o tombo que ele estava planejando me dar. E deu.

Começou a ficar inacessível, cheio de compromissos, e eu, para não ser chata, parei de insistir. Ainda assim, continuávamos a conversar e ele a me conquistar cada vez mais com suas palavras encantadoras, até que, como todos os outros, veio com aquele papinho idiota de que não podia se apegar.

Cheio de enigmas e parábolas que confundiam minha cabeça e me faziam acreditar que ele estava tão a fim e apegado quanto eu, hoje de manhã ele me solta esta: “quanto a nosso ‘lance’, eu já fui quantitativo e nessa época era fácil pra mim­. Hoje sou qualitativo e só topo com pessoas legais. Mulheres geniais­”.

Valeu por ter me chamado de burra, mesmo tendo dito o contrário dias atrás. Você entendeu tudo errado, ele disse. “Eu me apego facinho­. Só que eu não posso me apegar a mais de uma. Eu só não quis me apegar a você, já estando apegado a outra.”

Por que não disse isso antes, seu filho de uma puta (com todo respeito à senhora sua mãe), já que vivia dizendo que conhecia a minha essência e sabia da minha sensibilidade? Podia ter dito que tinha outra que eu me encarregaria de não me deixar levar pela sua lábia venenosa. Custava ser um pouquinho menos canalha? Você me comeria do mesmo jeito. Mas não, não bastava comer, tinha que pisar. Vivia dizendo que não é como os outros, mas agiu do mesmo jeitinho e depois disso tudo ainda teve a cara-de-pau de dizer que não falta vontade de estar comigo e que deveríamos ter essa conversa pessoalmente, olhando nos olhos. Pra quê? Pra acabar de vez com minha autoestima? O caralho!

Vai-te pra porra e esqueça que um dia você me conheceu.

Como é que eu fui me deixar levar mais uma vez pelas doces palavras de um conquistador? Não foi a primeira, nem a segunda e, certamente, não será a última. Mulher não aprende nunca.

Postado por Gabi

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Nem tão nua nem tão crua

.
Admito. Sou mulherzinha com “M” maiúsculo e “inha” com todo o diminutivo a que tenho direito. MULHERZINHA, assim mesmo, em caps lock. Não sei se tenho orgulho disso, mas assumo que esta é a minha verdade.

Independente, bem resolvida, foda, miseravona, passei minha vida construindo uma imagem do que eu não sou, até o dia em que surtei, enlouqueci e fui parar num hospital após ingerir três cartelas de lexotan.

Eu não queria que as pessoas me vissem como uma patricinha chatinha, nojentinha e inhazinha, porque eu tinha todos os pré-requisitos: família tradicional, mimada, roupinhas de marca e uma mãe que me enchia de maquiagens e bijuterias, digamos, finas. Tá, semi-jóias douradas. Daí a minha ojeriza, durante muito tempo, a qualquer coisa dourada.

O auge da minha revolta foi quando minha mãe quis me obrigar a participar de um baile de debutantes. Era um baile tradicional, que, graças a Deus, não existe mais em Brasília, onde as famílias ditas importantes apresentavam as filhas de 15 anos à sociedade. A parte boa era que sempre tinha um ator global para dançar com as donzelas. No meu ano foi o Marcelo Serrado. Ele mesmo, o Crodoaldo Valério, de Fina Estampa. Não, eu não participei. Era muito brega, gente.

As debutantes usavam vestido de noiva. Uma coisa horrorosa. Não, definitivamente, me recusei a participar daquela palhaçada. Cheguei a ir a algumas reuniões. Tinha aulas de etiqueta, dança de valsa e a porra. Minha tia era uma das diretoras do baile. Se eu não participasse seria o fim. O que as pessoas iriam pensar? O que a família ia dizer?

No final das contas, acabei ganhando um som, presente do qual minha mãe passou anos arrependida de ter me dado, porque eu ouvia os dois lados de Cabeça Dinossauro no último volume. Ela vivia dizendo que eu era a decepção da família. Eu adorava ouvir isso. A partir daí passei a ser a rebelde sem causa. Virei crente, depois saí da igreja, cortei o cabelo, pintei de roxo e coloquei um piercing na sobrancelha. Até o analista enlouqueceu.

Achava papo de mulher muito chato e cansativo. Perdia minha paciência com minhas amigas e passei a ter amizade com os meninos. As meninas me odiavam, porque eu estava sempre rodeada dos meninos mais bonitos do colégio. É verdade que eles não me davam bola e me tratavam como se eu fosse um deles, mas me respeitavam, me admiravam, me achavam “retada”. Eu era a foda, a gente boa, massa. As outras eram nojentas, frescas, patricinhas.

O problema é que, no fundo, o que eu queria era ser como as outras, como a minha irmã, a princesinha, a queridinha da família e a cobiçadinha pelos meninos. A que não falava palavrão, a que um dia ia casar e constituir família. Eu queria usar saia curta e ser chamada de gostosa, mas quando eu colocava uma dessas, os meninos riam de mim. “Isso não combina com você”, eles diziam. Talvez aí esteja a explicação de eu ter passado pelo menos 10 anos sem mostrar minhas pernas.

Os meninos nunca queriam nada comigo e por mais que falassem mal das patricetes, era elas que eles queriam. Eu era amiga, confidente e sofria muito, porque era apaixonada pelo meu melhor amigo. Ele nunca soube disso e, hoje, 15 anos depois, prefiro que nem saiba, porque o cara virou um bagulho. Não ele não é mais meu amigo. Parou de falar comigo depois que começou a namorar uma menina que me detestava e o proibiu de falar comigo.

Casar? Deus me livre! Filhos só atrapalhariam minha vida. Era isso o que eu dizia a todo mundo. Mentira que eu sustento até hoje, quando, na verdade, na verdade mesmo, hoje, aos 30, solteira e infeliz, eu admito: ainda ouço Cabeça Dinossauro no último volume, mas também sou mulherzinha sim e quero todo o que elas querem. Quero casar, ter filhos, cuidar da casa, cozinhar e tudo o que uma mulherzinha com M maiúsculo faz. Eu quero, gente. Eu quero muito.

Postado por Renata